segunda-feira, 17 de setembro de 2007

E o velho GIRADOR virou ROTATÓRIA de novo (e piorada)

Já teclei aqui sobre a "paraibanice" de querer imitar os outros daqui de dentro e os de fora. Foi com o ator/diretor/comediante Ednaldo do Egypto que aprendi um pouco o porque nós somos assim...copiadores. Nos anos 30, 40 e 50 todas as coisas boas que vinham pra cá era anunciadas como uma coisa que não existia aqui. E se não existia era, naturalmente, porque nós não poderiamos "produzir". Era mais fácil reproduzir. Então os jornais e as rádios comumente anunciavam: "...um produto recém-chegado do Recife!", "...A melhor orquestra de Natal!", "...A maior cantora do Ceará!" Isso sempre nos fez a remeter a palavra bom a tudo o que vinha de fora. Daí um pouco da nossa baixa auto-estima. Pode ser. Sempre que vejo a Paraíba se destacando seja em qualquer coisa, me emociono muito. Pretinha ganhando a Meia Maratona do Rio, Ednancy vencendo no judô, Uma obra de Ariano filmada na Paraíba e com atores locais, Everaldo Pontes e Beto Quirino fazendo pontas na proxima novela da Globo. Tudo isso me emociona de tal forma que muitas vezes chego a chorar de alegria. Mas a minha alegria maior seria poder dizer na cara dos copiadores locais e das pessoas que valorizam mais o "de fora" do que a Prata da Casa, que nós temos estirpe, originalidade e talento suficiente. Ou que pelo menos eles pudessem pensar alto dizendo pra si mesmo: "Eita, é a Paraiba, sim Senhor!"
O jornal Folha de São Paulo foi um dos primeiros a utilizar a figura do ombudsman (critico do proprio jornal) nas suas páginas. Como eu era leitor domingueiro do jornal paulistano, num certo 19 de Março de 1995 o ombudsman depois de um passeio de negócios em nossa capital escreveu a forma simples como a gente definia aquele circulo no meio das pistas de trânsito que serve para mudança de tráfego, os antes chamados "Girador". Leiam um trecho:

"Fiz uma curiosa aquisição vocabular no trajeto entre o aeroporto e o centro de João Pessoa (PB), onde participei quinta e sexta-feiras do 1º Encontro Nacional de Ouvidorias e Órgãos de Cidadania. Dou um doce para quem adivinhar, no Estado de São Paulo e adjacências, o que é um "girador". Estava escrito numa placa de trânsito. Logo descobri que se trata do que hoje os paulistas chamam de "rotatória", não sem algum pedantismo tecnocrático. No fundo, uma maneira besta de dizer o que os paraibanos dizem melhor, com simplicidade: girador"

Hoje mesmo num programa de rádio, ouvi um dirigente municipal, usando do tal "pedantismo tecnocrático" expressar a palavra "rótula" para definir o nosso simples, sincero e fácil: girador. Mais uma vez, a necessidade de copiar, negando o que é nosso e que o povo de fora valoriza mais do que nós. Sinceramente, se rotatória é ruim, rótula é muito pior, concordam? Sempre soube que rótula é parte da dobradura do nosso joelho. Vamos e venhamos, parece que a gente vive negando a gente mesmo o tempo todo, como é que pode? Pois pra mim, girador é girador e vai ser sempre.


Artigo completo do ombudsman da Folha, clique em:

5 comentários:

Anônimo disse...

Legal seu texto Cristovam.
Também prefiro girador e creio que muitos também preferem falar as coisas mais simples.
Forte abraço e saudações educacionais.

Anônimo disse...

Girador além de ser muito mais bonito,explica melhor pra que serve a coisa...pra girar!
Aqui em Portugal lhe chamamos de Rotunda...a rótula fica no joelho!
Arrodear o girador é Nordestino...e bonito!
Vamos chamar as coisas pelos nomes certos.....boa Cristovam!

alana disse...

"Rótula"= patela, aquele ossinho do joelho, que parece uma bolachinha de padaria e vive dando problema nos jogadores de futebol! Que pena quenós mesmo, oa paraibanos, introjetamos os preconceitos e continuamos reproduzindo-os, negando a nós mesmos...
É ótimo seu blog, rapaz!
Posso adicioná-lo no meu?
Beijo!

Cristovam Tadeu - Humorista disse...

Pessoal. E "balão" ??
- Dotô, o sinhô vai ali e faiz um balão, visse?
Né bacana? Pois é...Esses maneirismos nos faz esquecer coisas tão boas...
Alana pode Adiciona-lo...

E. disse...

É claro que eu prefiro "girador". Fui ensinado assim e não há paulistano que me faça chamar os giradores de rotatória.
Abraço.