quinta-feira, 13 de maio de 2010

O "EUMBIGO" - Cristovam Tadeu



A
lgumas pessoas, ao chegar no twitter (microblog) dizem logo “bom dia”. Antes de parecer ser educado, é uma forma de marcar terreno. É como quem diz: “Oi, cheguei e tô aqui!” Desde os primórdios da internet as pessoas se arvoram em mostrar-se. Seja uma adolescente que faz auto-foto sozinha na frente do espelho, seja um artista, como eu, que precisa divulgar os seus trabalhos. O que se observa é que tudo não passa do famoso marketing pessoal, uma nova ferramenta comportamental que propicia ao cidadão, antes obscuro, ter seus segundinhos de fama, ou melhor:“fama”. Mas isso é sinal dos tempos. Na TV de antigamente pra ser ator de novela tinha que mostrar talento, hoje, qualquer ex BBB que saiba decorar 3 falas já tá na tela plana.
Por isso, aquela jovem bonita e corpulenta que faz sua auto-foto, meio sexy na frente do espelho não tá só mostrando a foto, tá querendo que seja vista, aparecer, na verdade. Pra ela, a “possibilidade” imaginária de virar uma coelhinha de revista masculina tá ali mesmo, ao alcance de uma máquina de 10 megapixels, dos teclados e do mouse.
Não se pode dizer que a internet é antidemocrática. Não é. Aliás, é democrática até demais, pois deu acesso a todos que tinham, dentro de si algo mais inflado no seu ego. Sim, porque ego todo mundo tem, uns é que inflam mais outros menos. Estamos na era do “eumbigo”. É como se todo mundo gritasse: “Vejam meu orkut!” “Olhem meu facebook!”, “Me adiciona no twitter!”. Não vejo nada demais nisso, só que essa era do umbigo, do eu, do myself provoca algo mais perigoso que é a indiferença social. As pessoas estão mais preocupadas com seu “self” do que com o todo ou todos. Muito perigoso. Pessoas se encontram no MSN, mas não no bar da esquina. Tá mais fácil fazer amigos pela internet do que na real life. Até onde isso vai? Será que vale a pena? São perguntas de um cara de quase 50 anos, que viveu os primeiros 35 anos no contato com as pessoas téte-à-téte, na conversa ao vivo, vendo e sentindo, procurando descobrir o ser humano pelo globo ocular e não pela mídia global.

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