Antigamente, quando eu tinha uns 10-15 anos uma pessoa com
50 anos era considerada uma pessoa velha, ou envelhecida. Não tinha muita
perspectiva de vida, até porque àquela época a estimativa rondava em torno dos
70 anos. Então, naquela época uma pessoa aos 50 estava se preparando pro “cadafalso”
. Hoje não, com as novas tendências na medicina, alimentação e exercício,
muitos 50tões se sentem exatamente como o tempo diz: “no meio da vida”. Pois, é
assim que me sinto, um moleque na alma, na mente, apesar do corpo já dá alguns sinais de fadiga, até
natural pra quem caminhou até agora. E caminhar até agora significa que pisamos
muito mais por caminhos certos do que errados. Colecionamos amizades e amigos,
que permanecem até hoje e outros que se foram, para o andar de cima, ou quando a amizade não foi sólida suficiente pra seguir
junto. Mas nesses 50 anos vivi muita coisa: Acompanhei o rádio Am da Tabajara,
depois a TV preto e branco, programa do Chacrinha, Irmãos Coragem e A Praça é Nossa
( com o velho Manoel da Nóbrega), Chico
City, ouvi as primeiras transmissões de rádio FM em Campina Grande, TV Colorida
onde passamos a rever os nossas séries preferidas: Viagem ao Fundo do Mar,
Perdidos no Espaço e Terra de Gigantes, Jeanne é um Gênio, A Feiticeira, os
desenhos da Hanna- Barbera, em cores inclusive o rosa da Pantera. Cinema foi a
maior diversão: Ví filmes no Cine Plaza (Ponto Cem Réis) Cine Municipal (Perto
da Praça do Bispo), Cine Brasil (Praça Aristides Lobo), Cine Metrópole (Perto
da Energisa) onde as quintas feiras tinham dois filmes pelo preço de um e o meu
preferido, que já tinha platéia “arena” o Cine Tambaú, no hotel do mesmo nome.
Tinha sessão de arte no cine Municipal, sábado às 10 da manhã onde aos 14 anos
vi “2001, Uma Odisséia no Espaço” e confesso que saí de lá meio sem entender
muito.
Fiz o primário no Grupo Escolar José Vieira (Ao lado do Espaço
Cultural), ginásio no Colégio Sesquicentenário, científico no colégio Bairro
dos Estados, e na UFpb fiz Artes (Licenciatura em teatro) e Comunicação Social –
Jornalismo . Chargista e quadrinhista, já desenhei em quase todos os jornais da
PB, desde os 20 anos em algumas revistas locais como A Carta e A Semana e até
encaixei material no extinto Pasquim e na Folhinha de São Paulo.
Tive Telejogo, Atari, Mega Drive, Sega CD, 3DO, Play 1, 2 e
Xbox 360, contabilizando aí muitas e muitas horas na frente da TV só pra passar
de fase.
Sou ator e humorista. O ator veio primeiro em 1979 quando
entrei pro elenco da peça “O Dia em Que Deu Elefante” de Marcos Tavares e
direção de Tânia França. Puxado mais pro lado da comédia cheguei a trabalhar em
várias comédias e peças infantis. Meu primeiro show de humor foi “Pra Morrer de
Rir” em 1982, embalei e fiz mais de 18 shows diferentes ao longo desses anos.
Em TV fiz centenas de
comerciais, fui um dos pioneiros a gravar comerciais pra TV aqui em João
Pessoa, trabalhei em São Paulo na rede Band ao lado de Costinha, Zé
Vasconcelos, e tantos outros. Entre 2005 e 2010 participei do Show do Tom (Rede
Record) imitando Caetano Veloso, entrei no palco de Ana Hickmann pra imitar
umas pessoas durante 5 meses entre dezembro de 2011 e Abril de 2012.
Em bares passei mais horas “perdidas” do que jogando
videogame. Travessia, Estação, Ultima Sessão, Gambrinus, Baiano, Bar da Xoxota, Peixe Elétrico, Feijoada do Bigode, Cantinho
da Feijoada, Café Piu-Piu (SP) Amarelinho (RJ) só pra começar a contar. Lugares
maravilhosos onde em troca do vil metal saí embriagado de cerveja, vinho ou
uísque e muito papo bom!
Namorei muito. Todas me ensinaram muita coisa apesar de ser
meio nômade de mulheres. Namorei filha de médico famoso e filha de pedreiro.
Mulher casada? Umas duas. Duradouro? Uns 3 anos com uma só. Namorei francesa,
italiana e uma americana veio morar comigo (depois o “doido” sou eu!).
Paulistanas, Carioca, Recifense, Curitibana, Cajazeirense, tenho uma mapa do
amor no meu coração.
Filhos? 3. De três relacionamentos. Lindos e maravilhosos.
Daniel (19), Luana (14, que mora comigo) e Luiza (12), ainda escrevi duas peças
de teatro, algumas revistas em quadrinhos e plantei muitas árvores por este
mundo à fora.
Acompanhei a evolução do celular: desde o “tijolão” até os
smartphones embora nesse último careça de mais informação pra aprender a “bulir”.
Sou do tempo do videocassete e hoje aprecio o blu Ray e uma TV grande, embora
saiba que o cinema é (e será) insuperável, pois não conheço ninguém que tenha
uma tela daquele tamanho na sala de casa. O e mail é minha linha de comunicação
direta, mas já mandei (e recebi) muita carta e aerogramas. Você sabe o que é um
FAX? Eu vi os primeiros, bem depois da revolução da máquina de escrever Olivetti
elétrica. Sou do tempo do stêncil à álcool e à óleo onde aos 14 anos entrei pro
ramo dos donos de empresa de comunicação e fundei o meu primeiro (e único)
jornal “O Lixo” onde fazia de editorial à faxina depois de imprimi-lo
sorrateiramente usando um mimeógrafo cedido por uma tia minha na escola onde
ela trabalhava.
Não tenho o que reclamar da vida. Ela é maravilhosa. Já
tentei achar Deus em todo canto, mas fiquei ainda mais feliz que ele ta aqui
bem perto dentro de mim. Sempre digo: “tenho
o celular de Deus e ligo pra ele muito menos pra pedir e mais pra
agradecer.”
Meus maiores presentes são os amigos que fiz ao longo desses
anos. Os fiéis, os dissimulados, os bons, os maus, os da cachaça, as beldades,
as menos belas, os falsos, os da hora, os que nunca chegam na hora, os que Deus
levou, os que outros caminhos levaram, enfim, AMIGOS é uma experiência múltipla
que todo mundo tem que participar! Afinal, como diz Dominguinhos: “Amigo a
gente encontra/O mundo não é só aqui”