quarta-feira, 29 de abril de 2009

O RESULTADO DO ENEM-PB E A RELAÇÃO COM “O APRENDIZ”



Uma escola da Paraíba obteve um dos piores índices nas notas do Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. Vergonhoso. A escola João Cunha Vinagre, do município do Conde foi a 36ª pior entre as 26.665 outras escolas brasileiras. As melhores ficaram no sudeste do país e na Paraíba, as mais bem colocadas obtiveram notas “arrodeando” o 170º lugar. Aqui, a pior colocada teve média total de 43,4 e a melhor colocada ficou com media 69,56.


Uma é publica municipal a outra privada, mas sinto que a diferença não foi tão grande assim entre elas. Pouco mais de 26 pontos separam uma educação da outra. Pouco, muito pouco, para serem escolas tão distintas. Também a mais bem colocada do resultado geral do Enem, uma escola privada do Rio de Janeiro ficou com media 80,58, não ficou tão distante da nossa melhor. Apenas 11,02 pontos às separam. Pouco, muito pouco.


O problema é que há anos que a qualidade do ensino vem tirando notas baixas nos boletins sociais. Professores mal pagos, alunos desmotivados, só pra não ir mais fundo neste clichê. Quando fiz vestibular pra Comunicação e passei pra Educação artística em 81, obtive nota 7,9 e era uma nota fraca pra fazer Jornalismo, por isso entrei na segunda opção. Hoje vejo alunos vibrando com 5,9...4,6...3,9. A coisa ta feia. Porque a escola antes era uma extensão do lar, um importante aliado, pois tínhamos nos professores ícones da sabedoria igualando-os aos nossos pais em devida proporção. Com o tempo essa imagem foi sumindo e a do aluno também. Quantas vezes hoje o estudante faz festa quando o professor entra em greve, ou quando não tem aula na escola ou quando é um feriadão? Pra nós a ausência da escola era uma espécie de pedaço que saía da gente, daí a sua grande importância.


Coincidentemente, esta semana o paraibano Rutênio, único representante das terras tabajaras foi demitido do programa “O Aprendiz” liderado pelo publicitário Roberto Justus na Rede Record. E sabem por que ele foi demitido? Por erros de português – escreveu, por exemplo, “esculto” no lugar de “escuto” – Até Justus ironizou perguntando-o se havia mesmo freqüentado a faculdade. Humilhante. Tanto quanto o nosso 36º lugar como pior escola publica do país.

de ter uma reviravolta, porque já é tarde. A máxima “O professor finge que ensina e o aluno faz de conta que aprende” continua e não é só aqui na terra de Augusto dos Anjos não. NÃO! É no Brasil todo. Mas precisamos salvar os anjos e os augustos da desnutrição educacional na Paraíba.
Não vi a cena de Justus demitindo Rutênio, mas deve ter sido realmente deprimente. Imagino o sarcasmo do dono do Aprendiz mandando o nosso “Paraíba” de volta à terrinha, simplesmente por não ter escutado, lido e escrito direito.


Isso dói em mim e deveria doer em muito mais gente que precisa definitivamente ter que pegar as rédeas da carroça desembestada da educação e tira-la do rumo errado que tomou. Para que no futuro, números do Enem e nem humilhações via satélite, no horário nobre não nos tornem ainda mais pobres.

BLECAUTE É COISA DE CIDADE POBRE OU EM GUERRA (leia antes que as luzes apaguem!)


Acordei cedo, como sempre (pelas 3 da manhã) e notei um fenômeno (só posso chamar assim) na nossa cidade: em 12 horas tivemos o terceiro “blackout” (ou blecaute) demorado. Na terça (28) foram dois, um às 15 e outro às 20 horas e na quarta, mais um, de madrugada. Fazia tempo que não via tantos em tão pouco tempo e por tanta duração e isso é porque nesta mesma semana, a Energisa, nossa companhia de energia elétrica, estará realizando um evento internacional de cinema.
Não sou contra que se apaguem as luzes da cidade de forma ocasional ou técnica, posso até dizer que o segundo blecaute, o da noite, foi até interessante. Nunca tinha visto, do alto do décimo andar do Edf. Caricé, a cidade toda apagada assim, apenas com as luzes dos veículos. Deu pra ver (que ainda temos) um céu estrelado mostrando detalhes, as pessoas aqui no prédio, botaram cadeiras nos corredores e, à luz de velas, conversavam com a vizinhança. Eu “arranhei” meu violão e, enfim, ouvia-se o barulho do silêncio. Voltamos àquele ar de província que dizem que temos. Quando a luz voltou, foi aquele grito geral de alegria de quem já pode ir pra televisão ou de alívio tipo “espanta as almas”.
O terceiro blecaute aconteceu quando senti o ventilador parado de madrugada. O barulho do silêncio já era ensurdecedor, olhei na janela e já não tinha mais a luz dos veículos, a cidade estava um profundo “brêu”. Pensei na guerra.
Ednaldo do Egypto me dizia que em 1945, em plena segunda guerra, João Pessoa tinha as luzes desligadas para não atrair a mira dos inimigos nazistas, embora estivessem há milhares de quilômetros daqui. Igual a Paris, só faltavam as sirenes e as bombas caindo.
Mas acho blecaute coisa de país subdesenvolvido. A gente vende energia pra alguns países como é que falta na nossa cidade? Além disso, pense nos transtornos de três blecautes em 12 horas?? Elevadores não funcionam, internet também não, máquinas ligadas à pacientes nos hospitais são apagadas, rádios, liquidificadores, jornais, cinemas, TVs, tudo é nada! Até os celulares não deram alô.
Sem contar com o perigo dos meliantes que, se já usam a noite iluminada para agirem, imaginem com blecaute? Matutei também que poderíamos estar em plena crise energética, um apagão e a nossa empresa encarregada “mineiramente” não nos avisou. Mas foi um apagão quase geral, porque daqui do décimo andar dava pra ver algumas luzes lá pras bandas da zona sul da cidade. Depois foi explicado que foi um acidente.
Então me veio à cabeça um pensamento interessante com esse blecaute: Se você tem um computador de 10 G com 500 G de memória, ou um super som de última geração, ou ainda, uma TV de 55 polegadas, Full HD com um aparelho de Blue Ray conectados com cabos RCA banhados a ouro 18 k? Não lhe adianta nada se você não tem...eletricidade pra ligar tudo isso!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um artista que domina a arte de fazer rir - Jamarri Nogueira


"Ainda há na Paraíba quem duvide da capacidade lúdico-interpretativa de Cristovam Tadeu. Há até quem duvide das suas qualificações humorísticas. Isso é o resultado claro e inconteste de dois grandes pecados cometidos pelo artista: ter nascido no estado e ter desenvolvido sua carreira na grande João Pessoa.

Cristovam é o que costumam chamar de "prata da casa". E à prata da casa não é comum dar o merecido valor. O humorista (!) é uma antena frente às acontecências regionais e aos fatos relevantes da política, economia e cotidiano locais.

Seu verbo faz-se riso quando o bote cômico mimetiza os ruídos factuais comuns à estrutura social. O humor de Cristovam está nas imitações precisas de personalidade paraibanas. Niguém tem imitação mais exata do ex-arcebispo Dom Marcelo Carvalheira. Ninguém!

Cristovam é sutil. É um piadista delicado, que se distancia do linguajar chulo de evita o palvreado desbocado como elemento de marcação ritmica das suas anedotas As lorotas de Cristovam tem um quê de anglicano. Inteligente. Feroz e irônico.

Por estes e outros motivos, assistir ao espetáculo de Cristovam Tadeu éum exercício de entrega à gagalhofrenia. Recomendo."

Jamarri Nogueira

Editor - A União (publicado em 3 de Abril de 2009)